Por quê fazer registro?
Muitos educadores veem os registros como um recurso formal de comprovação dos trabalhos realizados com as crianças para atender às solicitações da coordenação, dos pais e até das supervisoras das instituições públicas de educação.
Os registros, quando realizados com liberdade e até criatividade podem alimentar o educador e fazê-lo crescer na sua visão e percepção dos processos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças. E em seu próprio repertório profissional.
Dessa forma, juntamente com a observação está o registro daquilo que o educador percebe – anotações, fotos, produções, tudo para registrar as descobertas, as dificuldades, as conquistas e as possibilidades.
Com os registros em mãos, o educador tem a sua matéria prima valiosa para pensar, para refletir sobre o que está acontecendo e o que pode acontecer. Ninguém tem memória para guardar tudo o que vê e vivencia nas 10 horas da rotina, multiplicadas pelas 20 ou mais crianças da turma! Sobre este material então, pode-se pensar nos fatos, na realidade da turma. E isso leva a uma avaliação ampla e também específica: quem está conseguindo o quê, quais habilidades e potencialidades precisam ser trabalhadas, como conduzir o dia a dia para contemplar as demandas e… como pode ser o projeto a partir das pesquisas e interesses das crianças!
Sendo assim, o registro deve servir principalmente a esse processo de ser professor e educar antes de “comunicar” ocorrências a outras pessoas. Então, para cumprir a função pedagógica ele precisa de uma liberdade individual que favoreça o mergulho pensativo e criativo no ocorrido e na atitude de criar e planejar.
Segundo a educadora Gisa Picosque,
“o registro é um dispositivo de criação tal qual uma alavanca, um trampolim, uma mola para percepção e imaginação, impulsionando o olhar sobre a experiência, fazendo viver algo do que ocorreu em outro momento e de outra forma. (…) Cadernos (registros) são, sem dúvida, colaboradores e ferramentas para a elaboração da frágil arquitetura das certezas. O maior legado desse pequeno objeto é o fato de proporcionar um território de experimentação, quase sempre livre de controles, para propósitos sensíveis.” (trecho do texto Do caderno de registro: a escrita de si, julho/2012)
Talvez a abordagem para o registro seja viabilizar um terreno, um espaço do individual e um espaço mais objetivo para informações que possam ser compartilhadas. Nesse sentido, o espaço livre PRECISA SER PREENCHIDO, de alguma forma, particular ou não, para que o processo pedagógico de educar se desenvolva.
Os registros por meio de fotos e da própria produção das crianças, colocados de forma acessível para os pequenos, trazem a memória do que foi realizado, das experiências vividas e dos aprendizados. As crianças se reconhecem e identificam suas conquistas.
Estando acessíveis às famílias as informações são compartilhadas e pais e responsáveis podem compreender melhor o trabalho desenvolvido na creche.
Estes registros são a memória viva da creche. É um arquivo rico de referencias e também podem contar a história do que é tradicional e ritual para a instituição.
Registro é muito! Registro é história! Registro é tudo em se tratando de memória!
O que pensar, o que escolher, como é o desafio de planejar o imprevisível?
Tudo começa com o ciclo virtuoso das ações do educador. Para planejar projetos de pesquisa que ampliem as experiências da infância e favoreçam as aprendizagens, o educador deve observar e ouvir sua turma e o que brota nos momentos da Rotina: os interesses, as demandas, as descobertas, os assuntos que estão bombando entre as crianças.
Juntamente com essa observação está o registro daquilo que o educador percebe – anotações, fotos, produções, tudo para registrar as descobertas, as dificuldades, as conquistas e as possibilidades.
Com os registros em mãos, o educador tem a sua matéria prima valiosa para pensar, para refletir sobre o que está acontecendo e o que pode acontecer. Ninguém tem memória para guardar tudo o que vê e vivencia nas 10 horas da rotina, multiplicadas pelas 20 ou mais crianças da turma! Sobre este material então, pode-se pensar nos fatos, na realidade da turma. E isso leva a uma avaliação ampla e também específica: quem está conseguindo o quê, quais habilidades e potencialidades precisam ser trabalhadas, como conduzir o dia a dia para contemplar todas as demandas e … como pode ser o projeto a partir das pesquisas e interesses das crianças!
E ai, bingo! Chegamos ao planejamento interessante, estimulador, adequado e repleto de possibilidades e brincadeiras! Não tem como dar errado!
Um roteiro para começar registro e planejamento
Na primeira parte desse post abordamos o olhar para o Registro. Pensamos num roteiro para orientar a percepção do que registrar durante o desenvolvimento das propostas:
- perceber o grupo no coletivo
- olhar as crianças individualmente
- notar o aproveitamento de espaços e materiais
- identificar as pesquisas, interesses e contribuições das crianças
Propomos o desafio de experimentar seguir o roteiro e realizar anotações sobre as atividades que o professor já tivesse planejado.
Nessa segunda parte vamos completar a reflexão sobre o registro e planejamento: como utilizamos as informações registradas? Como damos encaminhamento aos conteúdos que levantamos nas observações?
Cá entre nós… será que é tanto trabalho só para fazer os relatórios que entregamos para os pais e a coordenação?
Depende!
Se as suas anotações forem parar num cofre ou numa caixa fechada, que ao final do semestre a camada de poeira vai provocar rinite, então seu trabalho só justifica a burocracia dos relatórios sem significado.
Por outro lado, se ao final da semana, quando você for fazer o planejamento de atividades, acessar seus registros para dar encaminhamento sobre aquilo que PENSOU e REFLETIU, então suas anotações valerão ouro! Porque seu planejamento vai fluir, seu trabalho pedagógico vai estar cada vez mais adequado aos interesses e necessidades das suas crianças e o amadurecimento e desenvolvimento delas vai ser uma realização!
Roteiro para começar a refletir sobre os registros
O que eu posso refletir
Com o registro dos fatos em mãos, seu olhar já passeou pelas ações, emoções e descobertas das crianças. Sua atenção também percebeu as relações, os conteúdos que surgiram e as conquistas. Assim, é hora de Refletir sobre tudo isso!
Olhar para o coletivo
Como o grupo se comportou diante da proposta?
- Quantos se envolveram de fato e quantos fizeram outras atividades?
- Que ajustes devo fazer no tempo de duração para a próxima vez?
- Como foi a introdução (o despertar para o tema), o desenvolvimento (o explorar e descobrir) e a finalização da proposta (acabando a brincadeira suavemente)? Para saber mais sobre essa questão acesse o post Educação Infantil: planos e propostas. O que pode ser mudado e o que deve ser repetido? Que ajustes devo fazer na estrutura da proposta?
- Quais aprendizados ocorreram com mais frequência?
- Quais dificuldades surgiram no grupo?
- Quais encaminhamentos estas informações indicam?
- Comportamento
- Aprendizagem
- Dificuldade
- As crianças selecionadas para a observação foram acompanhadas durante a atividade? O que foi registrado?
- Dificuldades nas ações, de relacionamento, de entendimento etc.
- Conquistas
- Participação
- Autonomia
- O que posso trabalhar/desenvolver individualmente com as crianças observadas?
- O que posso trabalhar/desenvolver com todas as crianças a partir da observação individualizada?
- Como posso trabalhar as dificuldades e conquistas identificadas?
- Quais crianças serão observadas no próximo período ou na próxima proposta?
- O espaço escolhido para a atividade foi adequado? Ele enriqueceu? Fez diferença? Pode-se pensar em outro espaço para repetir a proposta com novos estímulos?
- Os materiais utilizados foram adequados aos objetivos?
- Quais espaços e materiais “prenderam” as crianças na exploração? Como se deu essa exploração e pesquisa?
- Quais espaços e materiais não foram suficientemente explorados e podem ser repetidos?
- Como contribuir para a ampliação da pesquisa e experimentação dos materiais e espaços, modificando, trazendo novos elementos etc.?
- O que precisa ser ajustado para contribuir com uma autonomia segura de exploração?
- As crianças apresentaram interesses e pesquisas que podem ser aprofundadas? Quais foram? Quais crianças trouxeram as contribuições?
- Esses interesses foram compartilhados por outras crianças?
- Quais interesses vêm se repetindo?
- Quais temas foram mais solicitados e permitem desenvolvimentos:
- na ampliação da proposta apresentada
- em projetos específicos
- Quais temas podem ser ampliados com algumas das crianças (interesses individuais)?
Essas informações pensadas e refletidas vão constituir a matéria prima para os próximos planejamentos. Sabendo as necessidades e interesses das crianças por exemplo, fica mais fácil pesquisar e criar as próximas propostas de atividades. Entendendo as dificuldades de cada criança é provável que o professor consiga prever os comportamentos e as formas de contornar situações de estresse, apresentando, por exemplo, alternativas de materiais e atividades para pequenos grupos.
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