A alegria de ensinar
Para Rubem Alves um grande mestre nasce da exuberância da felicidade, da
alegria de ensinar. Ser mestre é ensinar com alegria, é ensinar a felicidade.
Mas, todos os professores deveriam parar por um minuto, em sala de aula ou no pátio
das escolas, e olhar para os seus alunos e se perguntar: estariam nossos alunos
felizes na escola ou estariam lá infelizes e obrigados? A escola é um espaço de
alegria ou de tristeza? A partir dessa terrível e apavorante constatação nos
professore não estaríamos intimidando a inteligência e a criatividade de nossos
alunos em um ambiente de tristeza e infelicidade regado por autoritarismos,
regras e gritos? Então Rubem Alves faz um pedido a nós professores: “lembrem-se de que vocês [educadores] são pastores da
alegria, e que a sua responsabilidade primeira é definida por um rosto que lhes
faz um pedido: ‘Por favor, me ajude a ser feliz... ’”. Nossos alunos querem
brincar. Vamos fazer da educação uma brincadeira.
“Os adultos não sabem,
os professores não percebem, a vida é para ser brincada.” A química, a
física, a história, a geografia, a biologia, o português e a temida matemática
podem se tornar fantásticos brinquedos e grandes brincadeiras. Então nos
professores devemos nos perguntar: é possível transformar a escola em um espaço
de brincadeiras e aprendizagem ao mesmo tempo? Marcos Fábio Quintiliano, um dos
maiores e mais respeitados pedagogos romanos, já defendia, no primeiro século
depois de Cristo, que a escola deveria ser um espaço de alegria.
É por intermédio da brincadeira que nós
professores vamos despertar em nossos alunos o interesse. Esse é o objetivo do
professor, que vai muito além de pura e simplesmente ensinar, e despertar em
nosso aluno o interesse pelo saber, pela aprendizagem. Com prazer e com amor
levar o aluno a dar asas a sua imaginação, percorrer caminhos nunca
percorridos, tornar-se crítico, livre para expor suas ideias e pensamentos.
Brincando, tirando sorriso dos rostos de nossos alunos. Assim o aprendizado se
torna muito mais fácil.
A escola e o professor, não devem
existir para ensinar ao aluno as respostas, mas para ensinar as perguntas. E,
um grande mestre, além de ensinar o que sabe, deve ensinar o que não sabe. Na
busca dos sonhos e da felicidade de nossos alunos, nos educadores, devemos
construir novos saberes.
Rubem Alves nos adverte ainda que o professor é o profissional
que sonhava e que teve seu corpo
transformado em mais uma das ferramentas do sistema, e que ferramentas esquecem
como se sonha, a educação é o processo segundo o qual nosso corpo fica igual as
nossas palavras. “Eu não sou eu, eu sou as palavras que os outros
plantaram em mim”. Estamos nos professores sabendo plantar as palavras certas em nossos alunos? O processo pelo qual as
palavras despertam um mundo antes adormecido se dá o nome de educação. Nossos
corpos, nossa cultura, são feitos de palavras. O corpo de nossos alunos é um
espaço infinito onde cabe um universo de palavras, um espaço para muitas
possibilidades.
Educadores antes de serem especialistas
na ferramenta do saber devem ser especialistas em amor, interprete de sonhos,
proclamadores da alegria e da felicidade. Pois, para Rubem Alves, tudo
começa com um ato de amor.